domingo, novembro 25, 2012

Migrantes modernos

Amanhã é feriado. Do que? Nao importa. Para os migrantes o importante é que é feriado. E é sexta, com certeza emenda.


Uma semana antes todos já têm sua programação. Começam a olhar passagens na internet.
No trabalho parece que vai estar tranquilo, talvez não precisem nem colocar as mãos no computador durante esses três longos dias.

Um dia antes do feriado os migrantes, ansiosos, se acham no direito de sair mais cedo, (no entender deles, sair no horário)

O primeiro migrante se preocupa com a saída pois está de passagem comprada, mochila prontinha e estufada de baixo da mesa do trabalho.
No último minuto termina a tarefa e sai rumo ao mototaxi para enfim chegar na rodoviária. Vai custar cinco reais. Este migrante chegará em casa ainda hoje, é migrante catarinense.

A migrante paulista não viaja neste feriado, mas recebe visitas (paulistas). Precisa de mais um colchão. Passa no supermercado, compra muito pão e queijio.

Agora as dez e cinco sai o migrante paulista, ônibus vai chegar em São Paulo só de manhazinha. Em casa (casa?) só no almoço.

Dez minutos depois, as dez e quinze, sai da mesma rodoviária a migrante mineira, que aprontou a mala, aposto que colocou uns doces caseiros, para conhecer Porto Alegre. Vai ficar na casa da outra migrante, que volta pra ver a família.

O último a sair é o migrante paranaense, que prefere viajar de manhã. Chegará em Curitiba ainda de manhã, vai passear pelo centro, comprar umas coisas (que também vendem em santa catarina, mas que ele prefere comprar lá) e só depois pegar o ônibus pra sua cidade.

Segunda estarão todos sentados na frente do computador, mais felizes do que já são.


"A ilusão do migrante

(...)
Quando vim da minha terra, não vim,
perdi-me no espaço,
na ilusão de ter saído.
(...)"

Drummond



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