segunda-feira, julho 07, 2003

SEAN: Tem namorada agora?
WILL: Tenho. Saímos juntos na semana passada.
S: Como foi?
W: Tudo bem.
S: Bem, vão sair outra vez?
W: Eu não sei.
S: Por que não sabe?
W: Eu não telefonei pra ela.
S: Jesus Cristo, você é um amador.
E: Eu sei o que estou fazendo. Ela é diferente das outras garotas que já conheci. Nós nos divertimos muito juntos. Ela é inteligente, bonita, divertida...
S: Cristo, então telefone para ela.
W: Por quê? Para acabar vendo que ela não é tão inteligente? Que é chata? Você não entende. Neste momento ela é perfeita. Não quero estragar isso.
S: E neste momento você também é perfeito. Talvez não queira estragar isso também.

Will fica calado.

S: Muito bem, acho que é uma filosofia legal, Will. Desse modo você pode passar a vida toda sem chegar a conhecer ninguém de verdade.

Sean olha para Will, que desvia o olhar. Uma pausa.

S: Minha mulher costumava desligar o despertador quando estava dormindo. Eu sempre me atrasava para o trabalho porque no meio da noite, ela virava na cama e desligava a maldita coisa. (...)

Will sorri. Sean faz uma pausa.

S: minha mulher morreu a dois anos, Will. E quando penso nela é nessas coisas que eu penso mais. Pequenas idiossincrasias que só eu conhecia. Era isso que fazia dela a minha mulher. E ela sabia coisas de mim também. Pequenas coisas que faço por hábito. Chamam estas coisas de imperfeições, Will. Mas é apenas o que somos. E nós escolhemos quem vamos apresentar ao nosso mundinho estranho e estreito. Você não é perfeito. E deixe que eu o livre do suspense, essa garota que você conhece também não é. A questão é se vocês são ou não perfeitos um para o outro. Você pode saber tudo que há no mundo, mas o único meio de descobrir isso é tentado. (...)

Will sorri. Uma pausa.

Fragmento do roteiro de Gênio Indomável, de Matt Damon e Ben Affleck. Oscar de melhor roteiro 1998. Direção de Gus Van Sant.

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