sexta-feira, novembro 17, 2017

Experimento o bloqueio criativo dos artistas

Me sinto uma escritora, que está há 5 anos trabalhando em um mesmo livro, do qual os amigos e familiares nem perguntam mais como está indo. Aquele estereótipo de escritor fracassado que a esposa sai para trabalhar e ele fica o dia inteiro se perdendo entre os papeis de sua máquina de escrever.

Tive a ilusão de que comigo seria diferente. Que sentaria na frente do computador e os capítulos viriam assim tão rápido quanto a rolar da timeline do Facebook. Que sentaria na minha mesa bonita e organizada do Home Office, com uma caneca estilosa de café acomodada do lado esquerdo moleskine e teria até dores nos pulsos de tanto digitar.

Na verdade,
estou escrevendo minha dissertação de mestrado. As vezes acho que tenho coisas incríveis a escrever, que irei até sair nos jornais e no jornal da UNICAMP, na sessão “acadêmico” do Nexo. As vezes acho que não servem para nada. As vezes acho que meu método de escrever é ótimo, é assim mesmo, tópicos, idéias macro para não perder o fio da meada.... e..... perco... mesmo assim.... e não anda... nem  macro... nem micro...

Meu orientador acabou de me responder sobre a versão que enviei a ele. Meu e-mail tinha quatro parágrafos, um anexo de 50 páginas e uma página de instruções. 
O dele, dois parágrafos. 
É, de fato, uma pessoa sucinta. 
Tento decifrar as poucas palavras: retorno e releio diversas vezes e busco uma pista, uma solução para a minha desmotivação.

Sempre quis ser escritora, dessas de livro de crônica, mas acho que não quero mais não.



Escrito em abril 2017

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